Vivendo em Casa de Família no Exterior - Águia Intercâmbios
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Vivendo em Casa de Família no Exterior

Como é ficar hospedado em casa de família? Não, não é um bicho de 7 cabeças, mas é claro que ficar hospedado na casa de alguém não é a coisa mais fácil do mundo.

Eu sempre fico hospedada em casas de famílias desde que comecei a viajar com 16 anos. Algumas, ao longo dos anos, foram voluntárias, outras fiquei hospedada a trabalho (quando levei alunos para estudar) e outras como participante do programa de curso. Vejo que não é muito diferente de ficar na casa de um amigo, mas não encaro a casa de uma amiga como uma extensão da minha, onde posso tudo do jeito que eu quero.

As famílias são pessoas e,consequentemente, são diferentes entre si. Algumas são mais simples que outras, tem gente que não liga tanto para limpeza outras já não pode ter um fio de cabelo na sala, outras são mais workaholics , outras amam os animais como se fossem pessoas, outras não tem carros, algumas amam cozinhar e outras nem tanto. Posso passar horas aqui descrevendo as diferenças que existem, mas convido você a imaginar sua própria família e as diferenças que existem entre as casas dos avós, as casas dos tios, a casa do seu chefe atual e do antigo, a casa do seu amigo, a casa do seu noivo/marido, etc. Vai ver que TODAS as casas/famílias tem coisas que você não vai gostar, tem coisas que vai achar insuportável, tem coisas que vai lidar super bem.

Sim, as famílias não são perfeitas, nem eu e nem você.

A última família que fiquei hospedada foi em Vancouver, adorei a senhora que me hospedou, a casa e tudo mais, mas é claro que tinha várias falhas – como todos nós temos. Ela tinha obsessão por coisas no lugar. Arrumou meu “pobre”pijama que estava dobradinho em cima da cama e colocou dentro do guarda-roupa. Lição aprendida – não deixar meu pijama em cima da cama. Arrumou meu tênis que estava num cantinho do quarto dentro do armário – lição aprendida, e isso foi durante 3 dias, sempre tinha algo desarrumado no meu quarto e quando voltava da rua ela tinha guardado. Affff. Irrita, certo? Mas e aí? Vou morrer? Com certeza ela foi bem mais amena que minha mãe, que teria gritado comigo todas as vezes e ainda falado nos meus ouvidos por mais 30 minutos. E no final, estou EU na casa dela, tenho mais mesmo que fazer do jeito dela, ué.

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Eu sempre falo que os pais deviam colocar seus filhos para morar sozinhos a partir dos 18 anos – tá bom, não sei se vou fazer com o meu filho por motivos óbvios, mas continuo pensando que filhos deviam se virar durante 1 ou 2 anos, pelo menos, logo que atingem a maioridade. O objetivo não seria sofrer, mas seria de praticar o morar sozinho, o se virar, o pagar contas, o lidar com serviços de terceiros com problemas (como internet, telefonia, conserto da geladeira, problema com o gás), trocar roupa de cama e banho semanalmente, lavar e guardar, cozinhar e limpar fogão, ir ao mercado, não esquecer de comprar NADA no mercado, cuidar para os alimentos não vencerem no armário, e tudo isso sem diarista ou empregada.

E agora, imagina tudo isso – que é cuidar de uma casa – mais ter que lidar com as diferentes personalidades das pessoas, as diferentes crenças, as diferentes educações recebidas ao longo dos anos?! Tem família em que a mãe escolhe a roupa do filho até os 15 anos, tem famílias onde a criança com 2 anos já diz o que vai vestir e os pais aceitam; tem pessoas que chegam em casa e vão espalhando o “corpo”pela casa: mochila, sapato, bolsa, chaves, carteira, óculos, celular – e alguém vai recolhendo tudo e a pessoa “nem percebe”. Tem gente que joga roupa molhada no cesto de roupa – e aviso aos desavisados, isso mofa! – e tem pessoas que lava roupa diariamente para nunca acumular nada. Tem gente que pega metade da comida que sobra do jantar e dá para os cachorros comerem, tem gente que joga tudo fora, e tem gente que faz menos comida para não ter sobras. Tem gente que limpa a casa todos os dias, inclusive lavando o banheiro com muito produto de limpeza pesada, tem gente que limpa o banheiro a cada 15 dias e lavar do teto ao chão, jamais! Tem gente – principalmente meninas, porque acho que é um problema maior entre nós do sexo feminino – que vai deixando os cabelos se acumularem no ralo até, quem sabe, uma criatura bondosa e caridosa, queira fazer uma mega super limpeza no banheiro – tipo um desentupidor.

E aí, como vai ser a família no exterior? Exatamente assim: cheia de falhas como qualquer outra família, ou melhor, como nós somos. Vai ter dias em que alguém esqueceu de comprar o leite, vai ter dias em que a pessoa está de mau-humor, vai ter dias em que vai estar triste ou arrasada com algo que aconteceu, vai ter dias em que o aluno que está na casa dela deixou as janelas abertas (no inverno, quando a temperatura lá fora é de -5 graus celsius) e o aquecedor teve que trabalhar triplicado para manter a casa aquecida e isso deu um prejuízo de alguns dólares, vai ter dias em que algum aluno quis usar o fogão, deixou ligado e quase colocou fogo na casa, em que alguém chegou em casa as 2 da madrugada fazendo barulho, vai ter dias em que a dona da casa está super feliz e abre um vinho e convida você para tomarem juntos, etc.

Eu entendo que ficar em casa de família é algo que tira o sono antes da viagem, mas traz maravilhosas possibilidades. Faz com que a gente saia do nosso mundinho, da nossa rotina. E isso é bom. Nos faz crescer, nos faz melhorar como pessoas. Aprendemos que temos que mostrar interesse pelo outro ANTES de achar que o outro tem que se interessar por nós. Aprendemos que as pessoas são feitas de falhas, de alegrias, de conquistas, de cansaço e de aprendizado.  Então, quando for viajar para o exterior, pense que as pessoas não vão gostar de você de graça, mas faça com que gostem de você. No final, o “intruso” é o aluno, e somos nós como alunos que vamos ter que mostrar que respeitamos as diferentes culturas e hábitos. Afinal, se for para ser tudo igual à nossa casa, para que viajar??? Vida de estudante não é fácil, mas é muito divertida! Pelo menos voltamos cheios de histórias para contar, cheio de fotos de pessoas/lugares que conhecemos (aliás, eu acho que são as pessoas que fazem toda a diferença na nossa viagem, e não os lugares), cheio de e-mails e endereços de pessoas no mundo todo, lembrando das comidas que comemos, dos horários bizarros, dos hábitos de outros, das conversas e risadas compartilhadas, e mil planos para a próxima aventura!

 

Evelise Hubner